sábado, 28 de julho de 2012

lousa mágica


Seja poetinha em mim. 
Declame cada verso de acordo com o meu fechar de olhos e dançar dos cílios. 
Deixa-se ser prosa nos meus ouvidos. 
Canta sem som, canta corpo, entrega corpo, esqueça corpo, apeteça corpo, desapega corpo. 

Poetinha, transcreve tuas lágrimas para o braile e deixa-me lê-las com o tato dos meus lábios cálidos(?)(.) 

Sem caneta nem penas, sem giz ou lápis. 
Sem borracha, corretivo ou outra folha. 
Sem métricas nem rimas. 
Sem pensar que É e sem deixar de Ser por pensar que não o É. 

Do fundo, do musgo, das solas: poetinha. 
Dos banheiros e cativeiros: porta-voz. 

Sem saber falar, sem falar por saber que escreve: poetinha. 

Faz sentimento dançar e rolar feito criança no parquinho
Faz como neném faz pintura a dedo: retratando-se
Faz que fazendo talvez faça sentido ser poetinha d'um âmago só:
 o (Ser) par.


terça-feira, 17 de julho de 2012

de(cor)

De repente
o marrom
me amarrou.

(antes eu queria ser verde
hoje sei que sou marrom)








Minha pele é
 papel
minha cor
poesia escrita

Hoje sou marrom.

domingo, 15 de julho de 2012

(des)cobri

Descobri que a distância de alguns poucos km dói mais ou tanto quanto a distância de milhas.
Descobri que corações próximos sentem menos que peitos distintos.
Descobri que não importa medir o querer, desde que ele exista.
Descobrimos que as coisas não precisam ser compreendidas para serem vivenciadas.
Descobri que não precisamos de palavra alguma para sermos um par - de um ou de dois.
Descobrimos que estereótipos são apenas os rótulos das coisas qu'eu sempre desconfiguro.
Descobri qu'eu não preciso sentir tanto, que apenas um carinho profundo enforca.
Descobri e cobri.
Cobri meus olhos à razão.
Cobri as orelhas frias com tuas mãos.
Cobri d'água os olhos da Boneca de trapos.
Cobri o ontem.
Cobri e descobri-me.

Quero cobrir teu corpo descobrindo um modo acomodável de ser dois n'uma cama (de) só.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Dona



A Senhora me faz regurgitar qualquer preocupação e afetos que antes deferi-lhe.
Senhora, por que não admites a derrota?
Senhora, por que tanto se entortas?
Ó, senhora. 
Esconde-se do mundo e me ordena diferente. 
Senhora!, serves de exemplo.Ressuscita, Senhorinha. 
Levanta-te. 
Sobrevive. 
E deixa eu cuidar da tua bomba de vida


ao menos.